Em Brasília, a equipe de reportagem do Bom Dia Brasil registrou um absurdo em obra pública: uma criança que teria 11 anos dirigindo um trator em uma obra contratada pelo governo do Distrito Federal e que estava sendo feita por uma empresa terceirizada: a construção de um estacionamento. Depois da denúncia, está tudo parado. A obra foi paralisada.
O garoto está sentado na ponta do banco do trator para conseguir alcançar os pedais, sem nenhum equipamento de segurança. As imagens, feitas de um celular, mostram que ele faz várias manobras.
O terreno está sendo preparado para a construção de um estacionamento público. Depois de descer da máquina, o garoto sai andando com um adulto. Um rapaz acompanhou o trabalho do menino por uma hora e meia.
“Eu estranhei, me aproximei e vi: era uma criança. A máquina era muito pesada. Ele estava trabalhando, ele estava executando ordens. Tinha alguém demandando para ele o que fazer, como fazer. E ele estava executando um trabalho de adulto”, contou.
A área fica em Ceilândia, a 26 quilômetros de Brasília. Moradores da região disseram que essa não foi a primeira vez que o garoto dirigiu o trator. “Eu vi duas vezes”, contou uma jovem. “Ele sempre estava aqui. Eu vi muitas vezes, trabalhando como se fosse um adulto”, disse uma moradora.
A obra foi contratada pelo governo do Distrito Federal. Estava sendo executada por uma empresa terceirizada e foi paralisada na quinta-feira (23) depois do flagrante. A Secretaria de Obras do Distrito Federal deu cinco dias para empresa responsável dar explicações. O contrato, segundo o governo, não permite que nenhuma atividade seja feita por menores de 18 anos. A empresa não quis falar.
O Conselho Tutelar não foi acionado até o momento, mas a conselheira tutelar Selma Aparecida da Costa, depois de ver as imagens, disse que caracteriza trabalho infantil, que é crime. Selma Aparecida da Costa vai procurar o pai do menino e a empresa que prestava o serviço. Eles vão ser notificados e advertidos.
“É um trabalho assim escravo. A gente costuma ver reportagens de crianças em carvoarias, mas uma criança dirigindo uma máquina dessa estrutura é realmente agredir o físico da criança e é, com certeza, um crime”, afirmou a conselheira tutelar Selma Aparecida da Costa.
O rapaz que gravou as imagens chamou a polícia na hora do flagrante, mas nenhum policial militar apareceu no local.
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